terça-feira, 31 de agosto de 2010

Hospital desativa serviços em Acopiara


O Hospital Geral Suzana Gurgel do Vale, situado nesta cidade, no Centro-Sul, praticamente, depois de 23 anos de funcionamento, está com as portas fechadas para o atendimento ao público de consulta em clínica médica, ambulatório, internação e cirurgia. Há 20 dias que a unidade desativou os serviços em face da escassez de recursos financeiros, que antes eram repassados pela Secretaria de Saúde do Município.

O Hospital enfrenta crise financeira que atinge as unidades filantrópicas no País, mas há um agravante. Em julho passado, a administração municipal celebrou contrato de arrendamento da estrutura física e de equipamentos do Hospital e Maternidade Júlia Barreto. Na prática, houve municipalização da unidade, que passou a receber as verbas do Sistema Único de Saúde para os serviços hospitalares.

Sobrou para o Hospital Geral Suzana Gurgel do Vale manter, por enquanto, exames de Raio X e laboratoriais de análises clínicas. "Não temos mais recursos e nem condições de manter o hospital", disse a administradora, Delany Gurgel. "Do jeito que está, infelizmente, não há outra saída se não o fechamento e estamos caminhando para isso". A administradora Delany Gurgel disse que o corte feito pela Secretaria de Saúde do Município da verba que antes era destinada ao Hospital Geral ocorreu sem comunicação anterior e oficial. Segundo a direção do Hospital Geral, a Secretaria de Saúde do Município repassava uma receita mensal dos recursos do SUS para aquela unidade no valor de R$ 108 mil. Em junho, sofreu redução de 50% e, para este mês, está prevista apenas uma receita no valor de R$ 23 mil. Além de reclamar contra as reduções sofridas, a direção do hospital alega que há procedimentos realizados e ainda não pagos, que alega falta de assinatura do auditor municipal.

A direção do Hospital Geral denuncia o convênio celebrado entre a Prefeitura de Acopiara e o Hospital e Maternidade Júlia Barreto, alegando que não há objeto claro do contrato de arrendamento, ilegalidade no repasse de recursos do Município para aquela unidade, falta de publicação do referido convênio e número de leitos reduzidos para atender a demanda regional. "Solicitamos informações oficiais da Secretaria de Saúde sobre esse convênio e nunca tivemos êxito", disse Delany Gurgel.

A reivindicação dos diretores do Hospital Geral é o retorno à situação anterior a partir do repasse de verba que assegure o funcionamento da unidade regularmente. "Queremos continuar atendendo à população", disse Delany. "Os governos procuram abrir novos hospitais, mas aqui fecham hospitais".

A secretária de Saúde de Acopiara, Tereza Cristina Mota, rebateu as críticas apresentadas pela administradora do Hospital Geral. "O nosso objetivo era firmar convênios de municipalização com os dois hospitais, e enviamos documentos a esse respeito, houve audiências no Ministério Público, mas a direção do Hospital Geral afirmou que não tinha interesse. Dói saber que o hospital caminha para o fechamento. Não temos esse interesse".

Segundo a secretária, o Município ainda pretende firmar convênio com o Hospital Geral, nos moldes do que foi feito com o Hospital Júlia Barreto e definir perfis de assistência para as duas unidades, dividindo e ampliando o atendimento. Esclareceu, entretanto, que o repasse de verba no modelo anterior está descartado.

Tereza Cristina negou que tenha deixado de prestar informações solicitadas. Ela observou que a decisão da Prefeitura em modificar o modelo local de contrato com os hospitais ocorreu em face de inúmeras queixas da população sobre a precariedade de atendimento. "As pessoas colocavam a culpa na Prefeitura. O repasse de verba era feito regularmente para os dois hospitais, mas faltavam médicos nos plantões e havia muita transferência para Iguatu, sem solução de casos simples". Mediante esse quadro, o Município propôs o novo modelo de convênio e a direção do Hospital Júlia Barreto concordou, segundo os esclarecimentos da secretária de Saúde. "Um Hospital é suficiente para atender a demanda, pois a atenção primária está ampliada e será ainda mais fortalecida para reduzir as internações a partir de medidas preventivas nas unidades do PSF".

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