
A polícia descobriu que a menina Nívia Victória Leite, de 2 anos,
também foi assassinada. Ela estava desaparecida desde 31 de janeiro
deste ano, quando sua mãe, a cabeleireira Renata Aparecida Leite, 25
anos, foi encontrada morta. O crime ocorreu em Governador Valadares,
Leste do Estado. O principal suspeito do homicídio é o pai da criança, o
agente penitenciário Breno Soares de Oliveira, de 31 anos, que está
preso.
Segundo a polícia, o agente é casado, pai de dois filhos e estava
sendo chantageado pela cabeleireira, que ameaçava contar à mulher dele
sobre o relacionamento extraconjugal. Dois comparsas que teriam
participado do crime também estão presos.
O corpo da cabeleireira foi encontrado com marcas de tiros e facadas
em um local ermo do Distrito Industrial, na manhã seguinte ao seu
desaparecimento. Como ela havia saído de casa com a filha, as buscas se
concentraram na procura pela menina. Em abril, reclamando demora nas
investigações, a família da cabeleireira ofereceu R$ 5 mil de recompensa
a quem desse pistas sobre o paradeiro da criança. Na última
segunda-feira (21), durante as investigações que contaram com quebra de
sigilo telefônico e bancário, a polícia chegou a Luciano Félix
Rodrigues, de 23 anos, que confessou e desvendou toda a trama.
Segundo o delegado da Homicídios, Clériston e Amorim, o rapaz contou
que foi convidado por Henrique Gerônimo Alves, de 27 anos, amigo de
Breno, para matar Renata. O crime foi premeditado. A polícia descobriu
que no final de semana que antecedeu o duplo assassinato, Breno ligou
para Renata 37 vezes para convencê-la a sair com ele. Segundo o
delegado, Renata era boa mãe e evitava sair de casa quando a filha vinha
de São Geraldo de Tumiritinga, onde era criada pelos avós, para passar o
final de semana com ela.
Depois de convencer Renata a encontrá-lo, Breno levou primeiro os
comparsas para o local do encontro. Como estava escuro, Renata não quis
sair do carro e os dois homens simularam um assalto. Luciano teria dado o
primeiro tiro, na cabeça de Renata, que correu para o lado de Breno,
que deu uma rasteira na mulher. Caída, ela recebeu várias facadas
desferidas por Henrique. Breno teria terminado o serviço, dando outras
facadas na mulher.
Segundo o delegado, Luciano contou que a menina chamava Breno de pai e
parecia não ter visto nada porque não estava assustada. Eles seguiram
com ela para a estrada de acesso ao distrito de Nova Floresta, onde
Breno teria decidido matá-la. “Na versão de Luciano, Breno levou a
menina para trás do carro, se abaixou, deu um beijo na testa dela e a
estrangulou. Henrique chegou logo depois e a esfaqueou várias vezes. Já
na versão de Henrique, Breno estrangulou a menina e jogou o corpo no
mato”, conta o delegado Amorim.
Como o corpo de Renata foi encontrado logo, Breno teria voltado ao
local e dado um “sumiço” no corpo da menina. “As investigações continuam
para tentarmos encontrar o corpo de Nívia, mas não será fácil. Só o
Breno sabe onde ele está e não quer dizer nada”, conta o policial,
justificando que a região onde foi jogado é grande, de muitas pastagens.
Os três homens estão presos e vão responder por duplo homicídio
qualificado e ocultação de cadáver. Se condenados a pena máxima, eles
poderão ficar até 30 anos atrás das grades. Além de encontrar o corpo da
menina, a polícia quer saber qual a participação de Gilmar Alves dos
Santos, de 42 anos, na trama. Ele era o atual companheiro de Renata e
foi da casa deles, na avenida Itália, bairro Grá-Duquesa, que a mulher e
a criança saíram na noite do crime. O rapaz, que no início ajudava a
polícia a elucidar o crime, usava documentos falsos em nome de Rodrigo e
fugiu depois de ter um mandado de prisão expedido contra ele.