terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Governo do DF é condenado a devolver mais de R$ 205 milhões ao SUS

A Justiça Federal condenou o governo do Distrito Federal a devolver cerca de R$ 205 milhões, corrigidos monetariamente, aos cofres do SUS (Sistema Único de Saúde) do DF. A decisão é resultado de uma ação civil pública proposta pelo MPF-DF (Ministério Público Federal no DF) em outubro de 2007 e refere-se a não aplicação dos percentuais mínimos, exigidos pela Constituição, em ações e serviços públicos de saúde.

A obrigação de realizar investimentos mínimos na área de saúde existe desde 2000, quando entrou em vigor a Emenda Constitucional 29. A norma vale para União, Estados, municípios e o DF. No entanto, auditoria feita pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS, a pedido do MPF-DF, constatou que o governo do DF não aplicou os recursos devidos nos exercícios de 2001 a 2004.

O juiz federal Gustavo André Oliveira dos Santos, da 13ª Vara, acatou integralmente os argumentos apresentados pelo MPF e determinou o ressarcimento do dinheiro aos cofres públicos. Ele considerou ilegal a alegação de que poderiam ser incluídas, nos exercícios de 2003 e 2004, despesas de anos anteriores para cumprimento da Emenda Constitucional 29.

Para o procurador da República Peterson de Paula Pereira, autor da ação civil pública, a decisão representa uma grande vitória para a sociedade, maior prejudicada com o descumprimento da Constituição. “As práticas reiteradas de descumprimento das exigências mínimas em saúde são mais um fator a explicar o caos que se instalou no SUS do DF. Resgatar um sistema de saúde que trate com qualidade e dignidade os cidadãos do DF passa, necessariamente, em saldar essa dívida o mais rápido possível”.

Recentemente, o MPF-DF ajuizou outra ação civil pública para cobrar o cumprimento da Emenda 29. Dessa vez, a medida foi contra a União. Segundo a investigação, desde 2000, o governo federal acumula um déficit de R$ 2,6 bilhões – recurso que deveria ter sido investido em ações e serviços públicos de saúde. O processo aguarda julgamento na 7ª Vara da Justiça Federal do DF.

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