domingo, 6 de março de 2011

Acopiara - CE - Irmãos são exemplo de superação

Uma linda história de superação, vontade de viver e de fazer o bem vem do Sítio Quebra, localizado na zona rural deste Município, na região Centro-Sul do Ceará. Os irmãos Felipe e Maria Fernandes Leite (Leidinha) são deficientes visuais congênitos, mas não medem esforços para atuar como líderes comunitários e orientadores da Pastoral da Criança e como catequistas.

Somente no ano passado, tiveram a oportunidade de estudar Braile, na Escola de Ensino Fundamental Padre João Antônio, pois a Secretaria de Educação do Município e o Estado não ofereciam ensino especializado para alunos com deficiência visual. Poucos meses depois de frequentarem a sala de aula já surpreenderam os professores com o aprendizado rápido e formação de amizades.

Felipe Fernandes também teve a oportunidade de aprender xadrez, na escola, graças ao projeto do professor de História, Antônio Cariry. Aprendeu rapidamente e já obteve o título de bicampeão da escola, enfrentando alunos com visão normal. Os irmãos têm sonhos distintos. Felipe quer ser jornalista esportivo e enxadrista. Já a irmã almeja ser assistente social. Ambos, entretanto, concordam em um ponto: já realizaram o primeiro grande sonho de suas vidas, que era começar a estudar.

Mudança

Após ingressarem na escola, muitas coisas mudaram na vida desses dois irmãos que moram em uma simples casa, no Sítio Quebra, um lugar calmo, agradável, no sopé da Serra Montimó, no limite com o Município de Piquet Carneiro, e onde estão instaladas antenas repetidoras de sinais de TV e telefonia. Eles passaram a alimentar novas esperanças, gostam da escola, dos colegas e dos professores. O ensino trouxe-lhes expectativas e proporcionou-lhes uma excelente terapia ocupacional. O dia a dia dos irmãos mudou. Antes, eles permaneciam quase o tempo todo em casa, mas agora saem três vezes por semana para a escola, no transporte escolar contratado pelo Município que leva alunos do campo para estudar na cidade.

Os dois dividem a sala de aula especial com mais três colegas deficientes visuais, às segundas e quintas-feiras. Estão aprendendo a ler e escrever em Braile. "Já conhecemos as sílabas, mas ainda não dominamos a escrita", observa Leidinha. Aprendem rapidamente noções de matemática, as casas decimais e fazem conta com apoio de um instrumento manual, o Soroban, que é o ábaco japonês, utilizado há séculos para efetuar operações matemáticas.


Vencedor de xadrez

Na escola, Felipe Fernandes encontrou a oportunidade de aprender xadrez. "Não sabia como era esse jogo e nunca havia pegado em um tabuleiro", contou o estudante. Graças ao professor de História e de atividades lúdicas, Antônio Cariry, descobriu habilidades e paciência no aluno especial, que montou um quebra-cabeça de relativa dificuldade, apresentou o jogo de xadrez, que logo o desafiou e o encantou.

Resultado: em menos de um ano, Fernandes chegou a ser bicampeão em torneio escolar, disputando com alunos com visão normal. O tabuleiro é apropriado para os deficientes visuais. É reduzido, tem uma casa lisa e outra áspera e há limitações em jogadas das peças, em comparação com o jogo convencional. "Estou gostando muito", disse. "É surpreendente".

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