quinta-feira, 2 de março de 2017

Dra.Ana Paula escreveu um artigo sobre as mortes dos bebês recém-nascidos em Acopiara

Hoje escutei um áudio de uma determinada pessoa que se diz ser médica, e fiquei abismada como alguém se acha no direito de tentar enganar as pessoas leigas e acima de tudo subestimar os que estudam e se sacrificaram para fazer seu trabalho corretamente. 
A verdade que, realmente, a saúde brasileira está andando de muletas, mas dai achar que justificar seus erros e falhas, com mentiras, é uma atitude sábia, daí me perdoe... Em respeito a minha profissão e a todos aqueles que se doaram para fazer um trabalho correto, venho aqui esclarecer alguns pontos que foi "jogado" na mídia como justificativa para tais óbitos fetais (morte de bebês) 
Primeiro!!! 
Um dos fetos teve problemas cardíacos após o nascimento pois era um Pós data (passou da data máxima de parto) e isso está em anexo Sra. médica como uma das causas pela negligencia do médico que a atendeu. Pois sim, segundo informações colhidas pela mídia, a paciente estava com dor e já na data máxima do parto, e o médico (a) que a atendeu mandou pra casa pedindo pra voltar se as dores aumentassem. Isso é errado!!! Infelizmente, quem não estuda, quem não se capacita, quem não se especializa e quem não tem comprometimento com a saúde e com o ser humano, faz e toma esse tipo de conduta (segue em anexo fotos com condutas e causas morte por tamanha irresponsabilidade) 
A paciente deveria sim ter sido "tocada" (toque vaginal), deveria ter tido avaliação fetal (auscultar batimento cardíaco) e acima de tudo ter tido sua idade gestacional calculada para definir conduta e evitar erros. E não ter "tomado" remédio pra dor e voltada pra casa. 
Segundo!! 
Uma mulher com sangramento ativo, abdômen em "tábua" e hipocorada (anêmica), deve-se pensar em emergência obstétrica e se cogita a possibilidade de um DPP (descolamento prematuro de placenta) e com 38 semanas de gravidez (calculada por ultrassom precoce) nunca foi e nem será feto prematuro. 
Pois bem... foi essa a situação referida pela tia da paciente (enfermeira do SAMU, no qual prestou os primeiros socorros a mesma no momento dos sintomas iniciais) é isso Sra. DRa. médica não tem nada haver com pre natal mal feito. Isso sim, caracteriza uma emergência obstétrica, e sua equipe na qual você enche a boca para falar na radio, não soube conduzir a paciente e negligenciou o quadro clínico da mesma. Foi necessário a família se mobilizar e pedir transferência imediata da mesma, para que assim a mesma tivesse atendimento de qualidade. Pena que foi tarde demais. 
Enfim... só queria esclarecer esses pontos. Queria mostrar que independente de política, são vidas. São mães, que carregam 9 meses (39 a 41 semanas) um ser em seu ventre. E que antes de você tentar fazer política em rádio, tente respeitar a sua profissão, seus colegas que sabem de fato o que aconteceu e que acima de tudo se cumpra o juramento de ajudar o próximo de verdade. 
Não coloque culpa em pre natal, mas sim que na urgência / emergência o cuidado não foi dado. Isso nunca foi e nem é culpa de pre-natal. Vamos estudar e vamos entender o que de fato causou tudo para então da nome aos culpados ou justificar o porquê do acontecido. 
Não sou Santa, posso errar, na nossa profissão podemos sim falhar. Mas sempre devemos ser verdadeiros e assumir nossos erros.. falhas. E não tentar enganar a uma população que necessita do SUS ou de qualquer serviço no qual você se comprometa a coordenar ou estar. 
Saibamos ser íntegros.
Aprenda que o mundo da voltas.

Ana Paula Bezerra Florentino
Médica Obstetra

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