quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Mulher que escreveu carta racista enganou Detran para descobrir nome de servidor

“Ela chegou ao Detran dizendo que queria me dar um presente de Natal, porque foi bem atendida”, revelou o servidor do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará, após receber uma carta com teor racista escrita por uma motorista que teve o carro rebocado, em Fortaleza.

O caso veio à tona no início desta semana, após os servidores do órgão registrarem um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), contra a mulher suspeita de escrever a carta, Jane Cordeiro Alves (cuja assinatura está ao final da mensagem). Mauro César Cabral, funcionário do Detran há dois anos, relatou ao Tribuna do Ceará que ficou impressionado com as palavras e com os xingamentos racistas.

“No dia seguinte, a supervisora explicou que a motorista tinha deixado uma carta. Quando vi, não acreditei, fiquei abismado. Depois que li, a gente foi rezar, porque era tanta expressão pesada naquele texto”, desabafa.

Segundo disse, no dia 11 de novembro, o carro da mulher estava estacionado irregularmente em uma vaga de táxi na Rua Marcos Macedo, no Bairro Aldeota; e, por isso, teve de ser rebocado até a sede do Detran. Antes de o funcionário chegar ao pátio do órgão, a motorista já estava no local, tentando impedir a entrada do reboque. “Ela se meteu na frente e começou a dizer que a gente estava roubando o carro. Quando eu parei o reboque, ela veio para cima de mim e eu expliquei que o veículo foi apreendido porque estava estacionado irregularmente”, conta. “Dei continuidade ao meu serviço, e ela ficou me esculhambando”, acrescenta.

No dia seguinte, a mulher chegou ao setor de fiscalização do órgão já com três cartas na mão, solicitando o nome do motorista do reboque para dar um presente de Natal. “Ela disse que tinha sido bem atendida e queria me dar um presente de Natal. A supervisora, então, explicou que essa era a nossa função: tratar bem os usuários. Aí ela virou as coisas e deixou as cartas”.

O trecho racista da mensagem tinha como alvo Mauro César, o motorista do reboque, com expressões como: “hoje tu viveria no tronco, levando chicotada nos lombos”; “tem inveja de mim porque sou branca, né?”; e “tu nunca será como eu”.

A filha do motorista sofreu preconceito na escola, após o ocorrido. De acordo com ele, a família não havia sofrido, até então, casos de racismo. “Nunca sofri isso. Normalmente, os motoristas ficam revoltados por terem os carros apreendidos, mas nunca foram como ela, dava para relevar”, comenta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário