sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

BC retira R$ 61 bi do mercado para controlar oferta de crédito

O Banco Central (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciaram nesta sexta-feira uma série de medidas para enxugar a liquidez da economia e evitar o surgimento de "bolhas", em um momento de inflação em alta e a menos de uma semana da próxima reunião o Copom. O governo elevou o compulsório sobre depósitos à vista e a prazo e tornou mais caro o crédito de longo prazo das pessoas físicas. O "efeito líquido do processo" referente aos compulsórios será de um recolhimento adicional de R$ 61 bilhões.

O depósito compulsório é a quantia que os bancos são obrigados a colocar em uma conta no BC. Com isso, a autoridade monetária controla o nível de dinheiro em circulação, influenciando a oferta de crédito e as taxas de juros. Durante a crise financeira de 2008, o governo aliviou o valor do compulsório para aumentar a disponibilidade de crédito e retomou os níveis normais depois que o mercado obteve a liquidez (oferta) necessária.

"Essa medida que tem um caráter macroprudencial, portanto, reduz a liquidez no mercado financeiro e inibe o surgimento de trajetórias não sustentáveis, as bolhas no crescimento do volume de crédito e a assunção de riscos que podem ser negativos para a economia", disse a jornalistas o presidente do BC, Henrique Meirelles, após o anúncio.

Segundo Meirelles, o recolhimento total ficará R$ 10 bilhões acima do que prevalecia antes da crise e representa um ajuste devido à inflação e à expansão do crédito no período. O presidente do BC afirmou que as regras terão impacto macroeconômico no nível de atividade e na inflação. "As condições atuais de liquidez do mercado justificam a recomposição dos recolhimentos dos depósitos compulsórios aos níveis pré-crise."
 
Ele lembrou ainda que há uma equivalência entre medidas macroprudenciais e as ações convencionais de política monetária, basicamente, mexer na taxa básica de juros, a Selic. Ressaltou, porém, que "não são substitutas perfeitas, mas devem ser aplicadas com finalidades específicas". A poucos dias da próxima reunião do Comitê de Pollítica Monetária (Copom), a leitura inicial dos mercados parece ter sido de que uma alta dos juros ficou mais distante.

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