quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"Se Dilma vencer, democracia estará em risco", diz Bicudo


Um dos fundadores do PT, o jurista Hélio Bicudo declara seu voto ao candidato do PSDB à presidência, José Serra, pelo que crê ser um "raciocínio democrático". Duas vezes deputado, ele defende a alternância de poder e acredita que a eleição da petista Dilma Rousseff daria muito poder ao partido e ao presidente Lula.

- Eu acho que você tem um sistema democrático que está em risco na medida em que a Dilma vencer estas eleições. Na verdade, ela diz que ela é o Lula e o Lula diz que ela é ele. Então, quer dizer, você vai entregar nas mãos do Lula a presidência da República. Isso é o caminho para uma ditadura civil.

Bicudo criticou o manifesto assinado por intelectuais e artistas em prol da candidatura de Dilma. "São pessoas que ainda não raciocinaram democraticamente", rebate. O documento que conta com apoio de Chico Buarque, Oscar Niemeyer, Marilena Chauí e Leonardo Boff foi apresentado na noite de segunda (18).

Hélio Bicudo deixou o PT em 2005 após as denúncias de corrupção do chamado "Mensalão". Hoje, preside a Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos.

Apesar de apontar a corrupção como o motivo de sua saída do partido, Bicudo demonstra decepção com a liderança de Lula, a quem chama de "dono do PT".

- O Lula, enquanto presidente do PT, anulou todas as possibilidades de novas lideranças surgirem, para ser ele apenas.

O jurista falou ainda de sua indignação ao receber, do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim e de Antonio de Aguiar Patriota, a oferta de um cargo na Unesco, que, na prática, segundo Bicudo, seriam "férias pagas pelo governo".

- Nunca fui atrás de sinecura. Mas isso aí rodou, rodou e acabou nessa oferta de 45 dias por conta do governo em Paris. Eu, absolutamente, não aceitei e mandei uma carta ao Celso Amorim, dizendo que aquilo era um desaforo para mim e mandei uma cópia da carta ao Lula e ao Zé Dirceu. E acabou o assunto. Senti que estavam querendo me comprar. Para ir a Paris, não preciso de dinheiro público.

Crítico do atual sistema político, Bicudo defende que apenas com uma reforma os partidos e o Congresso terão mais representatividade.

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