sábado, 6 de novembro de 2010

Vídeo flagra dona de berçário batendo em crianças com menos de 3 anos

Em vez de serem cuidadas, 22 crianças de até três anos deixadas pelos pais na creche Bebê Feliz, em Goiânia, passavam as tardes sob sessões de tortura física e psicológica. Vídeos produzidos e divulgados pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiás mostram que os meninos e as meninas eram obrigados a ingerir vômito, tinham os dedos raspados no muro da escola, ficavam amarrados aos carrinhos, além de serem xingados e agredidos com tapas e beliscões. A maior parte das crianças era tão pequena que nem sequer havia começado a falar.

De acordo com a DPCA, todas as agressões partiam da proprietária da creche, Maria do Carmo Serrano, 62 anos. A delegacia passou a investigar a escola, que fica no bairro Parque das Laranjeiras e cobra R$ 300 de mensalidade, depois de receber denúncias anônimas. "Em poucas horas de vídeo confirmamos que as crianças correm risco de morte no local. Todas têm muito medo dela, choravam constantemente. Era um ambiente cruel, de tortura psicológica", disse a delegada titular da DPCA, Adriana Accorsi.

Com os vídeos em mãos, a delegacia e o promotor do Ministério Público Estadual de Goiás, Everaldo Sebastião, pediram a prisão temporária da proprietária da creche Bebê Feliz. O juiz da 7ª Vara Criminal de Goiânia, José Carlos Duarte, negou o pedido por falta de provas materiais que confirmassem a autoria das agressões. O MP pedirá na Justiça a interdição da escola. "Não podemos criticar a decisão do juiz de não permitir a prisão da Maria do Carmo, mas esse caso mostra o quanto é necessária a criação de varas especializadas, assim como existem as delegacias especializadas", defende Accorsi.

"Bateu, bateu"

A proprietária da creche foi intimida a depor na delegacia. Pais e funcionários já falaram à polícia e apresentaram elementos que confirmam as agressões. Depois de serem agredidas, várias crianças chegavam a reclamar para os pais de dores ou choravam pedindo para não ir à escola. Por terem, a maior parte, menos de dois anos, elas estão sendo ouvidas por uma psicóloga especializada da DPCA.

O inquérito da polícia deve enquadrar Maria do Carmo no crime de tortura física e mental, com o agravante de as vítimas serem menores, incapazes de se defender, e de estarem sob a responsabilidade dela. Ela pode ser condenada a 20 anos de prisão. "Com a divulgação do vídeo, a gente alertou as famílias para que tirassem as crianças dessa escola e para que outras famílias, em geral, prestem atenção ao comportamento dos seus filhos. Mesmo sem conseguir se expressar, essas crianças deram sinais claros de que havia um problema. Diziam que a vovó era má, falavam ‘bateu, bateu’ e os pais não percebiam", diz Accorsi.

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