segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Crimes aterrorizam Mombaça

 Mombaça - Um lugar dominado pelo medo e que, em apenas dez anos assistiu a uma sequência de, pelo menos, 38 assassinatos por conta da desavença entre duas tradicionais famílias do Município. Este lugar é Mombaça (a 296Km de Fortaleza), onde a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) decidiu instalar uma investigação, através de força-tarefa da Polícia Civil, para prender os criminosos e seus mandantes, e dar um basta na violência desenfreada.

A peleja que já derramou tanto sangue envolve as famílias Castro e Bezerra Martins. Um dos últimos desdobramentos desta rivalidade foi a prisão de dois pistoleiros responsáveis por alguns dos assassinatos naquela região. Nas ruas de Mombaça a população evita falar sobre o caso, pois teme represálias. Um recente relatório produzido pela Delegacia de Polícia Civil local aponta a sequência de crimes. O Diário do Nordeste teve acesso, exclusivo, ao documento na semana passada.

Investigar

A origem do desentendimento começou há uma década, exatamente no dia 7 de maio de 2000, quando foi assassinado por pistoleiros o comerciante Francisco Epitácio Bezerra Júnior, o ´Júnior do Epitácio". Segundo apurou a Polícia, ele foi executado a mando de Daciano Bezerra Martins, o ´Maninho da Mombaça´, que, na época, era casado com a jovem Fabíola Martins filha do então prefeito dali, Benone Martins.

´Maninho´ teria ordenado a morte de ´Júnior´ ao descobrir que este estava tendo um caso amoroso com sua mulher, Fabíola. Desde então, as execuções sumárias ganharam uma sequência desenfreada e pessoas ligadas diretamente à rixa das famílias também foram mortas fora do Estado do Ceará.

Uma delas foi o advogado Vicente de Paula Almeida de Castro, que, no enterro de seu amigo ´Júnior do Epitácio´, jurou vingar o crime.

E ela veio sim, seis meses depois. Foi no dia 4 de novembro ainda de 2000, quando um grupo de matadores de aluguel invadiu a cidade de Mombaça e matou o fazendeiro Joaquim Cavalcante Martins, o ´Joaquim de Dedé´, pai de ´Maninho´. Na ocasião houve um intenso tiroteio em Mombaça e um dos pistoleiros também morreu. Era João Batista do Nascimento.

Apesar da morte do pai, ´Maninho´ escapou do atentado e jurou vingança, fato que acabou acontecendo em São Paulo no dia 21 de julho de 2001, quando o advogado Vicente de Castro foi executado com mais de dez tiros dentro de um restaurante de luxo na capital paulista.

O ´rosário´ de crimes não parou mais. Acusados de ter morto o advogado, um dos pistoleiros foi assassinado em São Paulo. Tratava-se de Antônio Ednaldo Moreira Carvalho, conhecido por ´He-Man´. Também morreu outro cearense, identificado como João Cavalcante Martins Filho, o ´Janeirim´.

´Maninho da Mombaça´ foi assassinado em 17 de setembro de 2006, dentro de uma churrascaria, na cidade de Várzea Alegre. O crime foi presenciado pela mãe dele. Em setembro último, Antônio Audízio Almeida de Castro, (irmão do advogado Vicente de Castro), foi também fuzilado em Mombaça.

SEM VALOR
Pistoleiros recebiam R$ 5 mil por cada execução


Ary Reis Silveira, o ´Capote´, confessou algumas 
das mortes e delatou os seus mandantes

Cinco mil reais. Este era o preço de cada pistolagem em Mombaça. A revelação foi feita à Polícia por um dos matadores de aluguel já preso. Ary Reis Silveira, o ´Capote´, foi capturado pela Polícia Militar juntamente com seu comparsa, Giliarde de Sousa Alves. Os dois homens acabaram detidos no exato momento em que tentavam praticar mais uma execução naquela cidade.

O ´alvo´ dos assassinos seria Cleginaldo Fernandes Macedo. Apavorada ao ser seguida pelos assassinos, a vítima obteve a ajuda de um policial militar e, durante uma perseguição, os dois homens acabaram presos armados com um revólver calibre 38 e uma motocicleta.

Crimes

"Capote´ fez revelações à Polícia sobre algumas tramas criminosas em Mombaça. Segundo ele, teria sido ´contratado para matar a vítima por um homem que se identificava como ´Júnior´ ou ´Patrão´. A dupla confessou que foi a responsável pela morte de, pelo menos, duas pessoas nos últimos meses em Mombaça. Os assassinados foram Emanuel Costa de Almeida (morto no dia 25 de maio) e Antônio Jerônimo Pinheiro da Silva (fuzilado no dia 9 de julho).

Depois das execuções, os pistoleiros fugiam da cidade pela estrada que liga Mombaça a Tauá. Em relação à morte de Jerônimo, o acusado contou que o pagamento aconteceu próximo ao Açude Serafim Dias, onde o intermediário do crime aguardava os matadores em um Gol preto com vidros fumê.

"O motorista estava somente com a mão do lado de fora do vidro, que estava um pouco abaixado, e entregou o envelope com o dinheiro, um total de cinco mil reais", diz um dos trechos do depoimento do pistoleiro. Um mês depois, ele foi chamado para outro ´serviço´.

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