A cova da família está aberta. Espera por um corpo. Os serviços da funerária estão pagos. Só falta ter acesso ao corpo do familiar. José Ribamar de Paula, 44, morreu um mês atrás, mas ainda não deixou o prédio do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Messejana.
Vítima de um ataque cardíaco, o reciclador não portava documentos de identificação no momento em que passou mal na casa onde morava com uma tia, na Jurema, em Caucaia, e foi levado ao Hospital do Coração, em Fortaleza.
Morreu em 11 de outubro. Desde então, parentes tentam provar a identidade do morto. “A gente não sabe se ele perdeu tudo ou se foi roubado. Ele andava distante de todo mundo, passava o dia fora, trabalhando, e não comentou nada com ninguém”, relatou ao O POVO o primo de Ribamar, Raimundo Nonato das Chagas.
Como não apresentaram documentação antes de 15 dias de o corpo ter dado entrada no SVO, os familiares só poderão remover Ribamar mediante decisão judicial. Enquanto isso, é considerado indigente. E pode ser enterrado como tal. É lei.
Um processo começou a tramitar no Judiciário após a Defensoria Pública Estadual ser acionada pelos parentes e expedir alvará. Um Boletim de Ocorrência (BO) sobre a morte foi registrado no 5º Distrito Policial (DP), na Parangaba. “A gente encaminhou o alvará para a vara cível, mas é muito complicado pro juiz liberar sem ter a comprovação de vínculo de parentesco entre quem morreu e quem quer retirar o corpo. É muita responsabilidade”, podera a defensora responsável pelo Núcleo do Idoso que analisou o caso, Natali Pontes.
O único documento de José Ribamar de posse da família é a segunda via da certidão de nascimento, conseguida num cartório de Granja, cidade da Região Norte, onde a vítima nasceu. “Fomos até a última empresa onde ele trabalhou tentar alguma coisa. Mas ela abriu falência”, cita o primo.
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