A inflação oficial superou o teto da meta oficial do governo em
março, pela primeira vez em mais de um ano, reforçando a probabilidade
de um aumento dos juros. Os alimentos mais uma vez pressionaram a alta
dos preços no país, com o tomate sendo eleito o grande vilão da inflação
(alta de 122,13% em um ano).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 6,59%
nos últimos 12 meses. É a maior taxa desde novembro de 2011, quando a
inflação chegou a 6,64%.
O Banco Central, que se reúne na próxima semana para decidir sobre a
taxa básica de juros, tem como meta a inflação de 4,5%, com margem de
tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
A taxa mensal de inflação desacelerou um pouco, a 0,47% em março, ante 0,6% em fevereiro.
Alimentos pesam na inflação
A alta no preço de alimentos mais uma vez foi a maior vilã da
inflação, mesmo após a redução de impostos sobre os produtos da cesta
básica, em um sinal de que os esforços para controlar a inflação por
meio de medidas fiscais têm tido efeito limitado.
O aumento recente da inflação pegou o BC de surpresa. Há seis meses, a
autoridade monetária --aparentemente mais preocupada na ocasião com o
fraco crescimento da economia do que com os preços-- reduziu a Selic
pela décima vez consecutiva, para o recorde de 7,25%.
Naquela época, a previsão do BC era de que a inflação terminaria março a 5,2%.
Famílias mais pobres sentem mais a alta dos preços
Para o pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto
Brasileiro de Economia (FGV/IBRE), André Braz, a alta no preço dos
alimentos afeta principalmente os brasileiros que ganham até 2,5
salários mínimos.
De acordo com Braz, a expectativa é de uma safra melhor para 2013,
porém, alerta, não se pode esperar uma melhora expressiva da oferta para
itens mais básicos. Logo, reforça, não haverá recuos consideráveis nos
preços desses alimentos.
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