O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, rebateu nesta quinta-feira (29), durante sabatina promovida pela Rede Record, as acusações feitas por Marco Aurélio Garcia, coordenador do programa de governo de sua adversária petista, Dilma Rousseff, dizendo que "troglodita de direita é quem apoia (Mahmoud) Ahmadinejad (presidente do Irã)".
"Acho troglodita de direita quem apoia (Mahmoud) Ahmadinejad (presidente do Irã), um sistema que mata mulheres, uma ditadura que prende jornalistas, enforca opositores", afirmou Serra, criticando a aproximação política do governo Lula com o país islâmico. O candidato tucano aproveitou ainda para classificar o coordenador de Dilma como de "direita" para depois dizer que esse tipo de classificação "não leva a nada".
Garcia disse nesta quarta (28) ficar "constrangido de ver uma pessoa que teve um passado de esquerda como o José Serra correr tanto em direção à direita. Daquela direita mais raivosa, mais atrasada". Garcia concluiu dizendo: "me parece um final melancólico da sua carreira política, porque eu acho que a sua carreira política terminará no dia 3 de outubro (dia em que ocorre o primeiro turno das eleições)".
Reafirmando ser de esquerda, Serra disse que o PT se perdeu ao chegar ao poder. "Aqui no Brasil a esquerda se perdeu ao chegar ao poder, se é que já eram de esquerda quando chegaram", disse Serra. "Para mim, falar de esquerda é falar de direitos humanos, e falar de políticas efetivamente populares, com políticas que façam bem para as pessoas a médio e longo prazo".
O candidato do PSDB questionou o papel do governo brasileiro no diálogo com Cuba, citando que os presos políticos que eram mantidos no país só foram soltos após mediação da Igreja Católica e da Espanha. "O Brasil não usou a sua força pra isso", pontuou.
Em entrevista coletiva após a sabatina, Serra negou que estivesse qualificando o governo brasileiro ao fazer tais afirmações. E, em seguida, reforçou: "troglodita de direita é quem apoia Ahmadinejad não que se opõe como eu".
O tucano ainda afirmou que hoje em dia é muito difícil definir o que é esquerda ou direita. "Mas uma coisa é certa, quem se acha de esquerda tem que ser defensor irrestrito dos direitos humanos". Serra atribuiu os ataques ao seu posicionamento político a "gente de direita, que não tem nada para falar e monta factoides".
O candidato acusou os adversários de criarem centrais de boatos e que ele próprio preferiria discutir "temas de governo e coisas concretas em debates". Acusou veladamente a petista de "fugir não só fisicamente do debate". E emendou: "defender o maior juros real do mundo não é ser de esquerda, defender a menor taxa de investimento governamental do mundo também não é ser de esquerda, e defender a maior carga tributária do mundo em desenvolvimento também não é ser de esquerda".
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