quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Em debate, candidatos distorcem dados da gestão FHC

O clima de plebiscito entre os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso levou os dois presidenciáveis a distorcer dados sobre a gestão tucana no debate da TV Record.
Ao criticar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), José Serra (PSDB) afirmou que uma de suas vitrines, a transposição do rio São Francisco, foi "definida" por FHC. Ele prometeu, mas não tirou a obra do papel.

Ao discursar contra as privatizações, Dilma Rousseff (PT) disse que FHC trocou o nome da Petrobras para Petrobrax para facilitar a venda da empresa a estrangeiros. A mudança chegou a ser anunciada, mas não ocorreu.

As distorções começaram no primeiro bloco do debate, quando Serra chamou o PAC de "lista de obras" e acusou Lula de se apropriar de realizações do antecessor.

"A transposição foi definida no governo passado, do Fernando Henrique. Ela [Dilma] toma como obra do PAC. Foi ela que teve a ideia", disse, em tom de ironia.
A ideia não é de tucanos nem de petistas: remonta aos tempos do Império, quando dom Pedro 2º imaginou desviar o São Francisco para aliviar a seca no sertão.

FHC prometeu a obra nas campanhas de 1994 e 1998 e chegou a inclui-la no programa Avança Brasil, similar tucano do PAC. O projeto entrou no Orçamento da União de 2001, com previsão de R$ 200 milhões em verbas, mas não foi executado.
O tucano formalizou a desistência em julho daquele ano, alegando que usaria o dinheiro para incentivar a agricultura familiar. Na prática, pesou o medo de esvaziar o rio e reduzir a produção de hidrelétricas em tempos de racionamento de energia.

Dilma caiu no mentirômetro ao falar da Petrobras: "Olha, candidato Serra, você ficou caladinho quando mudaram o nome Petrobrax, substituindo o `bras´ de Brasil. Naquela época, chegaram ao cúmulo de tirar até a bandeira do Brasil, BR, lá do nome da Petrobras."

Na verdade, o governo FHC planejou rebatizar a estatal para Petrobrax, mas desistiu da ideia logo depois de anunciá-la, sob críticas de oponentes e aliados.

A polêmica começou em 26 de dezembro de 2000, quando o então presidente da empresa, Henri Phillipe Reichstul, defendeu a mudança para facilitar a internacionalização da petroleira.

Ele chegou a divulgar o que seria a nova logomarca, feita pelo escritório de design Und SC por R$ 700 mil. A alteração havia sido aprovada pelo Conselho de Administração da companhia e teria recebido respaldo de FHC.
Menos de 30 dias depois de anunciado, o projeto foi totalmente abortado.

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